Florianópolis – Fomentar o debate e difundir as oportunidades geradas pela exploração petrolífera no Brasil. É com esse objetivo que aconteceu na manhã desta segunda-feira (29) o seminário “O Pré-Sal como desenvolvimento regional”, no Plenarinho Paulo Stuart Wright, na Assembleia Legislativa. O evento, promovido pelos veículos de comunicação do Grupo RIC Record, contou com a participação do ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, além de autoridades do governo estadual, representantes da Petrobras e de entidades empresariais de Santa Catarina.
Abrindo o seminário, Zimmermann afirmou que a exploração do Pré-sal já é uma realidade e abrirá oportunidades extraordinárias para o Brasil nos próximos anos. “A descoberta dessas grandes jazidas chega num momento de tranquilidade para o país, que desfruta de um sistema democrático consolidado e instituições e indústrias fortes. Essas características são uma vantagem muito grande, que permitirão que o Brasil possa aproveitar essa riqueza para alavancar ainda mais seu desenvolvimento”.
Para o ministro, natural de Itajaí e morador de Florianópolis, apesar de não estar entre os estados com grandes reservas de petróleo, Santa Catarina tem muito a ganhar com a exploração e produção do minério, ainda que de forma indireta. “Precisaremos construir inúmeros navios, plataformas e toda uma rede de apoio para a exploração das reservas. Pelo seu parque industrial diversificado e qualidade de suas instituições de ensino, Santa Catarina tem tudo para se beneficiar muito desse desenvolvimento”, explicou. Zimmermann frisando ainda que a sociedade catarinense tem que despertar para as grandes ações que estão sendo tomadas em âmbito federal, assegurando uma atuação mais efetiva para aproveitar as oportunidades que surgirão em vários setores da economia. “Os estados que estão se dando melhor são os que estão mobilizando suas lideranças, indústrias e universidades para aproveitar essa riqueza, que movimentará nos próximos anos recursos da ordem de R$ 220 bilhões, além de exigir a formação de 200 mil novos profissionais, algo que tem o potencial de modificar a sociedade”, completou.
Petrobras e o desenvolvimento regional em SC a partir do Pré-sal
Convidado a apresentar o primeiro painel do seminário, intitulado “A visão da Petrobras sobre o desenvolvimento Regional em SC a partir do Pré-sal”, o gerente executivo de Projetos de Desenvolvimento da Exploração e Produção da Petrobras, Tuerte Amaral Rolim, traçou um histórico da busca por petróleo e gás no país e traçou um futuro promissor para o setor. Apesar das apostas mundiais em fontes de energias renováveis, a demanda por combustíveis fósseis deverá crescer com o passar dos anos, assegurando os investimentos feitos em torno do Pré-sal.
Rolim, que está na Petrobras há 25 anos e é responsável pela concepção e implantação de grandes projetos de exploração e produção, destacou a retirada de petróleo de campos brasileiros, que já crescia 4,9% ao ano, deverá passar para 7% até 2020, passando dos atuais 2,72 milhões para 5.38 milhões de barris diários. “O Pré-sal nos coloca grandes desafios e a Petrobrás tem feito grandes reestruturações e definindo competências para poder chegar a esse crescimento”. Ele informou ainda que a exploração determinará, nos próximos anos, a necessidade de cerca de 200 novas sondas de perfuração, 200 barcos de apoio e 40 plataformas marítimas, além de equipamentos diversos, como turbinas, válvulas, equipamentos de segurança, tubos e cabos industriais. “A maioria desses produtos, feitos com materiais especiais, deverá ser adquirida no Brasil, o que nos coloca a questão de apostar no desenvolvimento de várias tecnologias”. Ele acrescentou que a procura crescente por mão-de-obra local, principalmente ligada a atividades e serviços especializados, obrigará as universidades e centros de ensino a aperfeiçoarem-se cada vez mais. “É muito importante que se acredite e se invista na engenharia local, para que o processo de aquisição das tecnologias seja algo perene, garantindo ao Brasil o contínuo desenvolvimento do setor”.
A Petrobras em Santa Catarina
Presente principalmente na costa do sudeste brasileiro, a Petrobras deve, já a partir de 2011, intensificar suas atividades de prospecção e exploração nos estados do sul. A empresa, que atualmente possui escritórios em Brusque, Itajaí e Navegantes, gerando no estado 1.500 empregos, entre diretos e indiretos, deverá incrementar sua atuação em Santa Catarina.
Com esse objetivo, foi criada em julho deste ano a Unidade de Operação Sul da Petrobras (UO-SUL), que deve focar seus trabalhos de exploração e produção ao sul da Bacia de Santos, que vai de Cabo Frio (RJ) a Florianópolis. A empresa responde pelas áreas de Tiro e Sídon e pelo desenvolvimento da produção nos campos marítimos de Cavalo Marinho, Caravela, Estrela do Mar e Tubarão, responsável pela produção em terra na Bacia do Paraná e na Bacia de Pelotas. “Se tudo der certo, podemos começar a prospecção do Pré-Sal no sul em janeiro de 2012, com produção em 2014”, adiantou Rolim, que cita Caravelas e SC 13 como promissoras fontes de petróleo no litoral catarinense.
O executivo da Petrobras destaca, entretanto, que por sua posição estratégica em relação aos demais estados brasileiros e características industriais, Santa Catarina deve ter maiores ganhos se apostar na prestação de suporte às operações petrolíferas. “O fornecimento de uma base local para apoio, a capacitação de recursos humanos e o desenvolvimento e produção de produtos e tecnologias trarão certamente muitos benefícios para o estado, que pode se tornar um pólo de tecnologia petrolífera e se fazer presente na exploração petrolífera de outros países”, explicou.
Sequência da programação
À tarde, o seminário segue com a realização do segundo painel, cujo tema “As perspectivas para SC no ambiente econômico e social, a partir do Pré-sal” terá à frente o presidente da Fapesc (Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina), Diomário Queiroz.
O evento contará ainda com um debate entre empresários e representantes da Petrobras sobre os benefícios e as oportunidades de criação de parceiros locais (fornecedores e clientes). Na oportunidade, serão debatidas ainda de que forma serão feitas as adaptações da tecnologia e logística utilizada pela empresa para tornar viável a exploração das reservas.
ai/UNO
