O uso da cirurgia robótica em urologia

Um robô, visão tridimensional e comando humano. Isso não é cena de um filme de ficção. Equipamentos robóticos de alta precisão, aliados aos recursos da videoendoscopia e realidade virtual, já auxiliam cirurgiões de todo o mundo a utilizarem os avanços tecnológicos na medicina, com inúmeras vantagens para pacientes e médicos.

"O uso do sistema robótico trouxe um benefício enorme à urologia, proporcionando cirurgias muito mais precisas e menos invasivas, o que é traduzido em uma recuperação mais rápida e em menor período de internação", avalia Dr. Oskar Kaufmann (CRM-SP 104.028), doutor em Urologia, especialista em cirurgia robótica em urologia, Membro da Sociedade Brasileira de Urologia, American Urological Association, Endourological Society e integrante do corpo clínico dos Hospitais Albert Einstein e São Luiz.

Com o Sistema Cirúrgico Da Vinci, equipamento de cirurgia robótica que vem sendo utilizado no Brasil, para uma cirurgia de próstata, por exemplo, são realizadas incisões de 0,5 cm a 1,0 cm no abdômen do paciente e permitem a inserção das 4 hastes de aço inoxidável. "As hastes são mantidas no local por quatro braços robóticos. Uma das hastes é equipada com uma câmera, ao passo que as outras três são equipadas com instrumentos cirúrgicos capazes de dissecar e suturar tecidos. Ao contrário da cirurgia convencional, esses instrumentos não são tocados diretamente pelas mãos do médico", explica Dr. Oskar.

O médico nesse procedimento não está em pé, ao lado da mesa de operação. O cirurgião fica no console de controle do sistema robótico, acompanhando e examinando no visor as imagens em 3D (tridimensional), enviadas pela câmera no interior da paciente. "As imagens mostram o local da cirurgia e os três instrumentos cirúrgicos instalados nas extremidades das hastes. Utilizamos controles similares aos joysticks, localizados logo abaixo da tela, para manipular os instrumentos cirúrgicos. Cada vez que um dos joysticks é movido, um computador envia um sinal eletrônico para um dos instrumentos, que é movimentado em sincronia com os movimentos das mãos do cirurgião", completa o especialista.

Para saber mais sobre os benefícios e vantagens da cirurgia robótica urológica, acompanhe a entrevista do Dr. Oskar Kaufmann.

1-Para quais tipos de disfunções urológicas indica-se a realização da cirurgia robótica?

Atualmente, as cirurgias robóticas são indicadas, principalmente, no tratamento do câncer de próstata. Entretanto, diversos procedimentos podem ser realizados com segurança e eficácia através deste método, como cirurgias para retiradas totais ou parciais dos rins , assim como ressecções parciais ou totais de bexiga, correções de estreitamentos nos ureteres na sua junção com a pelve renal, conhecida com estenose de junção uretero-piélica, por exemplo.

2-Quais as vantagens da cirurgia robótica em urologia?

O Sistema Cirúrgico Da Vinci, equipamento robótico que está em uso no Brasil desde março de 2008, representa a inovação tecnológica mais recente para a realização de cirurgias urológicas, sejam elas para próstata, bexiga ou relacionada aos rins e ureteres. A técnica é conhecida também como videolaparoscopia assistida por robótica, ou cirurgia robótica e oferece mais segurança para pacientes e cirurgiões.

Nesse sistema, um software especial reduz a amplitude dos movimentos naturais a uma escala de micromovimentos da mão robótica, que ficam muito mais precisos e seguros. Os atuadores robóticos possuem sensores de contato, que transmitem de volta informações sobre a resistência e a flexibilidade do material orgânico que está sendo manipulado.

3-Esses procedimentos já são realizados no Brasil? Em caso positivo, desde quando?

Este uso acontece há uma década no exterior, mas no Brasil esta técnica foi introduzida em meados de 2008, ainda de forma embrionária. Apenas três hospitais a utilizam atualmente. A urologia é uma das especialidades médicas pioneiras no uso de robôs para o auxílio em procedimentos cirúrgicos. Com esta técnica podemos observar benefícios aos pacientes como menor morbidade, tempo de internação e rapidez em sua recuperação. No entanto, a popularização da técnica ainda esbarra em questões econômicas como o alto custo de equipamentos e dos próprios procedimentos cirúrgicos.

4-Quais os benefícios deste tipo de procedimento e qual o tempo de recuperação do paciente?
Para o paciente, o benefício é óbvio: pequenas incisões significam menos dor, menos sangramento, menor trauma cirúrgico e recuperação mais rápida. Já para o médico, ele diminui a fadiga em cirurgias que podem durar várias horas. Os cirurgiões podem ficar exaustos durante essas longas cirurgias e, como resultado, sofrer tremores nas mãos. Mesmo as mãos firmes do médico mais experiente não podem se igualar às do robô cirúrgico. O sistema da Vinci foi programado para ignorar os tremores da mão do médico e manter o braço mecânico estável. Muitos centros clínicos e de pesquisa do mundo estão entusiasmados com a nova tecnologia e montando grupos que começaram a utilizá-la, pois não há dúvida que o futuro da cirurgia está aí.

5- Então o sistema robótico pode, no futuro, substituir o cirurgião?

O sistema não substitui e nunca substituirá o cirurgião, pois o equipamento é manipulado por especialistas treinados para esse tipo de procedimento. O cirurgião se manterá sempre em contato com o paciente, mas essa nova tecnologia facilitará operações em espaços confinados e distantes. Em cada aplicação, será o cirurgião que controlará as ações e movimentos dos robôs.

6- Do ponto de vista tecnológico quais as vantagens desta tecnologia na medicina?

Há uma série de nítidas vantagens dos braços e mãos robóticas nas aplicações cirúrgicas. Eis aqui algumas delas:

§ Os robôs podem trabalhar através de aberturas cirúrgicas muito menores do que a mão humana necessita;

§ Os robôs não têm fadiga ou tremor, e podem manipular instrumentos cirúrgicos muito menores e mais delicados, com maior precisão;

§ Podem ser guiados por equipamentos de imagens médicas não invasivas, como tomografia e ultrassonografia, permitindo a navegação e a localização espacial em alvos cirúrgicos complexos e inacessíveis (dentro do cérebro, por exemplo), com precisão inferior a um milímetro;

§ Os robôs podem efetuar tarefas que causam riscos ao cirurgião, como pacientes infectados, colocação de sementes radiativas, etc.

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