Florianópolis – A Secretaria de Estado da Saúde, através da Diretoria de Vigilância Epidemiológica, está divulgando o resultado da investigação que, nos últimos meses, avaliou a transmissão de Leishmania sp. entre pequenos mamíferos silvestres e sinantrópicos na localidade de Canto dos Araçás, na Lagoa da Conceição, em Florianópolis. O estudo foi realizado pelo Laboratório de Referência em Taxonomia e Diagnóstico de Reservatórios Silvestres das Leishmanioses com participação dos laboratórios de Biologia de Tripanosomatídeos; de Biologia e Parasitologia de Mamíferos Silvestres Reservatórios; de Ecoepidemiologia de Doença de Chagas; e Imunoparasitologia, todos da Fiocruz.
Os testes diagnósticos aplicados para investigação apontaram que somente um animal foi positivo na PCR de amostra de fígado. “Isso significa que, mesmo que este animal apresentasse uma alta carga parasitária e potencial de infectividade ao vetor, não poderia ser considerado como reservatório, uma vez que, sozinho, não conseguiria garantir a manutenção do parasito naquela área. Isso mostra que não há um ciclo de transmissão de Leishmania sp. Bem estabelecido entre estes animais”, explica Luis Antonio Silva, diretor da Vigilância Epidemiológica Estadual. “No exame sorológico, todos os animais foram negativos”, completa. No total, foram realizados 146 testes para diagnóstico molecular em creme leucocitário, medula, pele, baço e fígado dos pequenos mamíferos.
A infecção diagnosticada como positiva se refere ao roedor Akodon montensis, e estava restrita ao fígado. “A negatividade do teste nas demais amostras do mesmo roedor não exclui a possibilidade da presença do parasito nestes tecidos. Significa que a infecção pode estar presente, mas a carga parasitária é provavelmente menor e não foi detectada nas amostras testadas”, observa Luis Antonio.
O roedor em questão foi capturado em área próxima da residência onde havia quatro cães confirmados com infecção canina. A ausência de outros pequenos mamíferos silvestres infectados na área sugere que a origem da infecção deste roedor pode ser a mesma dos demais cães infetcados, todos expostos aos mesmos vetores, mas a origem desta infecção não parece ser o ambiente silvestre.
“Pelo estudo, os cães infectados têm maior potencial para serem os reservatórios do parasito do que o roedor com diagnóstico positivo, e não há indícios de que a origem desta infecção seja o ambiente silvestre”, frisa o diretor da DIVE, que conclui: “Neste momento, embora um dos roedores tenha sido encontrado infectado, não parece haver um ciclo de transmissão de Leishmania sp. bem estabelecido entre os pequenos mamíferos silvestres e sinantrópicos da localidade de Cantos dos Araçás”. Vale
ressaltar que esse tipo de investigação reflete uma situação pontual que pode se modificar no decurso do tempo. No momento da realização dessa expedição parece não haver um ciclo de transmissão bem estabelecido dentro de um ciclo silvestre, contudo, deverá ser realizada nova investigação na
fauna de mamíferos silvestres após seis meses.
ai/UNO