Tegucigalpa (Honduras) – O candidato conservador Porfírio "Pepe" Lobo, opositor do presidente deposto Manuel Zelaya, venceu as eleições presidenciais de ontem (29) em Honduras. Segundo a BBC Brasil, a apuração de quase dois terços das urnas dá a Lobo quase 56% dos votos. As autoridades calculam que mais de 60% do eleitorado compareceram às urnas, apesar de campanhas por abstenção promovidas por simpatizantes de Zelaya, que defendeu a anulação do pleito.
Em seu discurso de agradecimento, o candidato do Partido Nacional de Honduras afirmou que no país "não há vencedores ou vencidos, ganhou o povo hondurenho".
Duas horas depois do fechamento das urnas, foram divulgados os primeiros resultados das pesquisas de boca de urna. O candidato Porfírio Pepe Lobo saiu na frente com mais de 55% dos votos, contra 39% dados ao candidato do Partido Liberal, Elvin Santos.
As eleições ocorreram sob olhares atentos de homens do Exército e da Polícia Nacional, como tem acontecido desde 28 de junho, quando houve o golpe de Estado que depôs o presidente eleito Manuel Zelaya. A presença nas ruas do Exército e da Polícia Nacional se tornou parte do dia a dia dos catrachos – como se tratam os próprios hondurenhos.
Logo cedo, os primeiros eleitores faziam fila na porta dos centros de votação. Os primeiros a chegar a um dos maiores centros de votação da capital, o Ginásio Olímpico, disseram à Agência Brasil que queriam exercer logo o seu dever de democrata.
Em Honduras, não há urnas eletrônicas como no Brasil. Ontem, os eleitores marcaram seus votos em três cédulas grandes de papel que tinham os nomes e as fotos de todos os candidatos – uma para presidente, outra para deputados e outra para prefeitos.
O processo de votação no país é lento e complicado e, no final, os eleitores ainda têm o dedo tingido. É uma prática antiga nas eleições hondurenhas para evitar fraudes como a votação duas vezes.
Inicialmente, eram poucos os eleitores nos centros de votação da capital, somente no horário do almoço o movimento aumentou. Nas ruas, quase vazias, não foi registrada qualquer manifestação da Frente de Resistência ao Golpe, nem nada que pudesse representar uma festa da democracia, como afirmavam, durante todo o dia, representantes do governo golpista e candidatos.
Uma movimentação maior ocorria apenas nas proximidades dos locais de votação, onde a boca-de-urna era feita, apesar de os cabos eleitorais negarem. Eram postos autorizados pela Justiça Eleitoral, montados pelos partidos para auxiliar os eleitores sobre os locais de votação. A reportagem flagrou cabos eleitorais entregando santinhos de candidatos, o que é proibido.
José Donizete/ABr