Quem seria capaz, hoje, de elencar com precisão quais são os requisitos fundamentais para se contratar um excelente profissional e garantir que essa contratação dure o tempo necessário para os objetivos propostos ao cargo e gere satisfação plena de ambas as partes – a empresa e o profissional? A resposta correta é: ninguém. Quando tratamos apenas do aspecto técnico, podemos ter uma maior certeza do que se considera acerto na contratação de um profissional. Testes e avaliações criteriosas podem medir a capacidade técnica do candidato e dar a opção da melhor escolha ao contratante. Testes psicológicos também podem ser aplicados, mas traçam um perfil básico inicial. Jamais revelam em profundidade qual será o comportamento exato deste ou daquele profissional em uma situação extrema – e não apenas sob a pressão cotidiana que as empresas exercem sobre seus funcionários.
A boa conversa, olho no olho, tende a ser uma ferramenta poderosa para que contratantes possam absorver um pouco de conhecimento sobre a personalidade do candidato, mas tudo isso não garante 100% de acerto. Por exemplo, de tanto se aplicar o antiquado teste Wartteg em milhares de entrevistas a milhares de candidatos, o mercado acabou viciado e já havia candidato que identificava o perfil do selecionador para direcionar seus desenhos ao que imaginava que este desejasse. Esse teste já foi abolido há muito tempo, mas outros semelhantes apareceram no lugar. Análise grafológico, dinâmicas de grupo, redação, enfim, todas essas ferramentas são imprescindíveis ao entrevistador, mas jamais podem ser utilizadas como critério único de escolha. São caminhos, análises para apoiar a tomada de decisão, mas nunca garantias de sucesso.
E como garantir esse sucesso? Pesquisados de maneira informal, os processos de recrutamento, seleção e contratação de profissionais pelas empresas apontam para grandes surpresas em seus resultados. Existem curiosidades interessantes, como por exemplo, homens que omitem o fato de serem divorciados, por identificarem que "família" é sinônimo de estabilidade (12% dos casos). Mulheres não admitem compulsões (como vícios de fumar ou comprar roupas ou sapatos em excesso). Jovens sempre indicam que estão prontos para o desafio (78%), quando nem sabem bem o que vão encontrar pela frente. Na verdade, trata-se de um aspecto característico da natureza humana que, ao buscar suas necessidades, acaba por desencadear processos psíquicos que levam à adoção de posturas não-verdadeiras, pelo fato de supostamente elas estarem massificadas, com conceitos pré-determinantes como o da competitividade.
E o que acontece? O casamento começa a acabar na noite de núpcias! Como sustentar uma postura que não faz parte do seu perfil real? Isso, a grande maioria dos candidatos não leva em consideração. A ansiedade por conseguir o emprego faz com que quase a metade (45%) minta, mesmo que em pequenas coisas, nas entrevistas; e que uma boa parte (22,5%) omita informações desconfortáveis ou acrescente dados falsos em seus currículos. Essa culpa, por assim dizer, advém do fato de que o mercado imprime um ritmo e um conceito sobre competitividade que faz com que interpretações equivocadas do perfil profissional ideal criem um estereótipo irreal. Bom profissional é aquele que se apresenta bem vestido (óbvio), mas com um terno azul marinho e gravata discreta. Mulheres devem se apresentar de tailleur, saia e sapato alto, maquiadas discretamente. Nada de roupas extravagantes, a não ser que a empresa em questão fique no Caribe ou seja uma dessas web companies. Jamais diga que é fumante, a não ser que seja questionado e sua aparência não consiga enganar. Use o fato de que está fazendo tratamento para parar de fumar e sua força de vontade já aponta para o sucesso na empreitada. Não é exatamente isso que ensinam os consultores e head hunters? Por quanto tempo o recém contratado manterá as aparências, se isso não faz parte de sua realidade de vida?
Conceitos existem para serem renovados. Paradigmas existem para serem quebrados. E o desenvolvimento profissional nos dias de hoje só se concretiza, quando existe um perfeito equilíbrio e harmonia entre o que o candidato é, o que ele representa e o quanto ele pode interferir de maneira positiva dentro da organização. Ele só fará isso se estiver em seu equilíbrio e respeitando os seus princípios e valores universais. Senão, é divórcio na certa.
Fonte: Assessoría de Imprensa