Joinville – Antes das 9 horas da manhã desta terça-feira (14), 83 ansiosos meninos e meninas, entre 7 e 16 anos se concentravam na pista de atletismo da Univille, prontos para disputar a prova que encerrou a primeira edição dos Jogos Escolares Municipais Paradesportivos.
Os atletas, com deficiência visual (DV), intelectual (DI) ou física (DF), são alunos de 24 escolas municipais e estaduais ou integrantes de entidades (Cepe, Ajidevi, Apae e Ceap) que desenvolvem trabalhos com crianças e jovens com necessidades especiais na cidade. Realizados pela Fundação de Esporte, Lazer e Eventos (Felej), os jogos começaram em maio e envolveram, além do atletismo, o golbol (modalidade de futebol para DV), xadrez, tênis de mesa e natação.
O prefeito Carlito Merss e o presidente da Felej, Jorge Nascimento, acompanharam a largada das provas. Carlito agradeceu o empenho dos professores que incentivam seus alunos a vencerem as limitações. "Criamos o departamento de paradesporto na Felej e aqui está o resultado: o esporte colaborando para incluir e integrar. A gente se emociona com esse evento", comentou. Verdadeiramente a emoção e a torcida estiveram presentes, nos pais por verem seus filhos superando desafios, nos alunos por integrarem uma competição em que a participação já é uma vitória, e na platéia pela oportunidade de presenciar exemplos de força de vontade e otimismo.
A coordenadora do Departamento de Paradesporto da Felej, Rosicler Ravache, estava satisfeita com o número de participantes no primeiro evento oficial de Joinville. Em 2009, foi realizada apenas uma seletiva, de onde saíram atletas que participaram do Parajasc 2010. Mesmo avaliando que ainda há muito no que avançar, o trabalho de Rosicler e dos preparadores físicos vem sendo recompensado.
Nas Paraolimpíadas Escolares, realizada em São Paulo, de 7 a 10 de setembro, participaram Sara Araújo (DV), Jeferson Caio (DF), Renan Dias (DF), Eric dos Reis (DF) e Júlia Michels (DI), que foi medalhista de ouro no tênis de mesa. Também partiu de Joinville a representante do Brasil em Pequim, Sheila Finder, que participou das provas de 100 e 200 metros do atletismo. E no final de agosto, Sheila esteve no Circuito Brasil Paraolímpico da Caixa, tornando-se campeã e recordista na prova de salto à distância. Enquanto isso, a mãe de Renan Dias, Jocelei Dias, estava feliz apenas pelo papel do esporte na vida do filho. "Acredito que ajuda emocionalmente porque colabora para diminuir a rejeição e o preconceito, promovendo a integração dos jovens", declarou.
O presidente do Centro Esportivo para Pessoas Especiais, Cepe, Vanderlei Quintino também estava sorridente ao observar os atletas na pista de atletismo. Desde 1994, um ano depois de perder a perna esquerda, ele participa de provas e, atualmente, com a visão também comprometida, é o atual campeão brasileiro de natação paraolímpica, na prova 100 m borboleta.
Vanderlei considera que é a sua boa condição de saúde e o alto astral que tem retardado o avanço da cegueira que bloqueia seu olhar periférico. Por isso, estava feliz com a oportunidade de revelação de jovens talentos, que, na opinião dele, não seriam descobertos ou teriam chance em competições convencionais. Vanderlei também contou orgulhoso que o Cepe, fundado há oito anos, abriga cinco medalhistas de nível internacional.
Um destes medalhistas é Felipe Strebe (DF), que, em 2009, quando estudava na Escola Municipal Pedro Ivo Campos, esteve nos Estados Unidos disputando o campeonato mundial e trouxe para Joinville duas medalhas: de prata nos, 400 metros, e de bronze, nos 200 m. "Foi uma valorização dos treinos e reconhecimento do esforço. Fui descoberto num campeonato convencional, então imagino que deste evento muitos outros talentos podem surgir", avaliou, acrescentando que continua treinando firme para outras provas. Talisson Glock (DF), é outro atleta que esteve na Alemanha disputando o campeonato mundial.
AI/Redação 24 horas
