Santa Catarina continua se destacando no ranking nacional em doação de órgãos. No primeiro trimestre deste ano, a SC Transplantes ficou na média de 20,8 doações por milhão de população (p.m.p), enquanto a nacional é de 8,7 pmp para o mesmo período. Os números são resultados do investimento na capacitação constante realizada para os coordenadores hospitalares de transplantes, responsáveis pela mediação entre a família de potenciais doadores e toda a estrutura necessária para concretizar o processo.
Em 2010, o índice de captação no estado foi de 17.7 doações por milhão de população (p.m.p), o segundo melhor do país para o ano. Joel de Andrade, coordenador Estadual da SC Transplantes, explica que o crescimento de doações deste ano comparado ao período anterior está relacionado à gestão eficaz do modelo público, à solidariedade da população catarinense e com o trabalho desenvolvido pelas equipes multidisciplinares envolvidas.
Andrade destaca “que todo o trabalho desenvolvido pela SC Transplantes é resultado do investimento que a Secretaria de Estado da Saúde faz no Sistema Estadual de Transplantes, com ênfase na educação e capacitação dos profissionais que atuam em todo o processo. Outro aspecto destacado por ele é a importância da campanha que está sendo veiculada na mídia estadual no sentido de sensibilizar e conscientizar a população sobre a doação de órgãos.
O estado, neste ano, é responsável pelo maior número de transplantes de rim e fígado com doadores falecidos proporcionais à sua população. Por este desempenho, o serviço público de saúde passa a ter uma economia em escala em várias áreas. Um exemplo disso é o ex-motorista de caminhão, Moizes Formigoni dos Santos, de 59 anos, que há dois anos e oito meses era obrigado a fazer diálise peritoneal.
Natural de Imbituba, foi impedido de trabalhar quando os rins começaram a parar de funcionar. Junto a isso teve diabetes e problemas cardíacos. “Eu fazia a diálise peritonial, procedimento que substitui o trabalho dos rins, removendo o excesso de água, resíduos e substâncias químicas do organismo”, conta Moizes. Para este tratamento, o ex-motorista utilizava 60 bolsas de soro, cada uma com seis quilos, que ganhava do governo estadual. “Eu tinha dificuldade para sair muito longe de casa porque tinha que fazer o procedimento de quatro em quatro horas. As bolsas eram muito pesadas”, lembra Moizes.
Hoje, 25 dias depois do transplante, ele vai ao hospital uma vez por semana para fazer exames. Mas sua vida mudou radicalmente. “Antes do transplante eu me sentia muito cansado, não conseguia fazer quase nada e tinha sempre sede”. Atualmente, Moizes assim como outras pessoas transplantadas, não necessita mais fazer diálise peritonial. Além de ter mais qualidade de vida, quem recebe um órgão desafoga outros serviços de saúde.