Criciúma – O número de violência sexual entre crianças e adolescentes em Criciúma tem aumentado. Para minimizar esta situação o Centro de Referência Especializado de Assistência Social de Criciúma (Creas) realiza na próxima quinta-feira (24) uma mobilização de combate ao abuso e violência sexual. Conforme a coordenadora do Creas, Andréa Vieira, as escolas receberão a visita dos bonecos do Creas, além de outras atividades. “Vamos fazer entrega de material de prevenção e exposição dialogada, a fim de salientar a importância da denúncia e a participação de todos nesta questão social”, disse.
Em Criciúma, de acordo com a coordenadora, neste ano, o Creas que desenvolve o serviço de atendimento e proteção às crianças e adolescentes vítimas de violência ou exploração sexual, já registrou 44 casos de violência sexual contra crianças e adolescentes. “Desses agressores quatro foram presos preventivamente. Trabalhos desenvolvidos pelo Creas são em parceria com a Delegacia da Mulher, Poder Judiciário e demais órgãos”, ressalta Leila Cristina Rezende Ferrari, assistente social.
Ela acrescenta que quem abusa sexualmente de crianças são pessoas que a vítima conhece e que, de alguma forma, podem controlá-la. “De cada 10 casos registrados, 8 deles, o abusador é conhecido da vítima. Essa pessoa, em geral, é alguma figura de quem a criança gosta e em quem confia. Por isso, quase sempre acaba convencendo a criança a participar desses tipos de atos por meio de persuasão, recompensas ou ameaças”, fala Leila acrescentando que quando o perigo não está dentro de casa, nem na casa do amiguinho, ele pode rondar a creche, o transporte escolar, as aulas de natação do clube, o consultório do pediatra de confiança e, quase impossível acreditar, pode estar nas aulas de catecismos da paróquia. Portanto, o mais sensato será acreditar que não há lugar absolutamente seguro contra o abuso sexual infantil.
A data foi instituída como Dia Estadual de Combate pelo Fim da Violência e Exploração Sexual pelo governo do Estado, através do decreto de Lei 3.644, no ano de 2001. O número crescente de crianças e adolescentes vítimas de violência sexual no Estado levaram à implantação desta Lei Estadual pela defesa dos direitos das crianças e adolescentes, visando o fortalecimento das organizações governamentais, não-governamentais e da sociedade como um todo, no sentido de evitar que este panorama continue tomando proporções alarmantes. O Creas está vinculado à secretaria do sistema Social.
40% das agressões são dos pais biológicos
De acordo com a coordenadora do Centro de Referência Especializado de Assistência Social de Criciúma (Creas), Andréa Vieira, hoje as estatísticas dos agressores ficam assim distribuídas: 40% os pais biológicos; 21% os padrastos; 34% se dividem em avós, tios, irmãos, cunhados e outros membros da família e 5% se constituem em pessoas desconhecidas. O tratamento adequado pode reduzir o risco de a criança desenvolver sérios problemas no futuro, mas a prevenção ainda continua sendo a melhor atitude.
Dados referentes à violência em Criciúma
De janeiro de 2001 a junho de 2009 foram registrados 667 casos de violência sexual confirmadas no município.
Em 2005 ocorreram 66 novas denúncias
Em 2006 foram 45 denúncias
Em 2007 houve 52 denúncias
Em 2008 foram 42 denúncias
Em 2009 – de janeiro a agosto – foram registradas 42 denúncias, todas de violência sexual confirmadas, salientando um aumento significativo.
Formas de abuso sexual são:
Assédio sexual: caracteriza-se por propostas de relações sexuais;
Abuso verbal: são conversas sobre atividades sexuais destinadas a despertar o interesse ou chocar, podendo ocorrer através de telefonemas obscenos;
Exibicionismo: ato de mostrar os órgãos genitais ou práticas sexuais;
Voyeurismo: ato de espiar os órgãos sexuais de crianças e adolescentes para obter satisfação pessoal;
Abuso sexual: carícias nos órgãos genitais, tentativas de relações sexuais, masturbação, sexo oral, penetração vaginal e anal.
A exploração sexual é uma forma de violência sexual que se expressa pelo uso do corpo. É uma relação entre crianças/adolescentes e adultos em troca de dinheiro ou favores, podendo ocorrer através da prostituição infantil, da pornografia infantil e do tráfico de crianças.
As situações de violência sexual são difíceis de denunciar ou sinalizar porque o medo da vítima induz o silêncio e ao segredo, protegendo desta forma o agressor.
Fonte: Assessoría de Imprensa