quinta-feira, fevereiro 6, 2025

Apesar de resultado fraco, analistas esperam reação do PIB ainda em 2009

São Paulo – Apesar do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre ter sido abaixo do esperado pelo mercado e pelo próprio governo, especialistas ouvidos pela Agência Brasil prevêem uma reação da economia brasileira no quarto trimestre, o que consolidaria a recuperação econômica diante da crise internacional e poderia levar o país a fechar o ano com crescimento próximo de zero.    

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou hoje (10) que a economia brasileira cresceu 1,3% no terceiro trimestre do ano na comparação com o trimestre anterior. O resultado ficou abaixo da estimativa feita ontem (9) pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que estimou que a expansão seria de 2%.

O pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), Regis Bonelli, ressaltou que a expectativa dos economistas de que o país cresceria 2% no terceiro semestre falhou porque levou em conta o crescimento do segundo trimestre de 1,9% – número corrigido hoje pelo IBGE para 1,1%.

“Isso fez toda a diferença. A gente estava crescendo menos do que imaginava. A expectativa do mercado tinha sido mais alta porque estava baseada em um dado que foi revisto para baixo. Ao mudar para baixo, todas as pessoas estão revendo suas projeções agora à luz disso”, explicou.

Para o professor, apesar do resultado abaixo do esperado, o país deverá ter um crescimento satisfatório em 2009, ano de crise econômica internacional. Segundo ele, o crescimento da indústria no quarto trimestre será decisivo. A indústria é um dos três componentes do PIB, quando analisado pelo lado da produção. Os outros dois são a agropecuária e os serviços.

“Embora a crise tenha custado caro, ainda assim foi menos do que se imaginava no começo do ano. A recuperação foi muito mais positiva. E vai continuar. Nesse quarto trimestre, não há dúvida de que o PIB deve crescer mais do que cresceu no terceiro, principalmente devido a indústria”.

O gerente do Departamento de Economia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), André Rebelo, disse que a produção não cresceu os 2% porque tinha estoques altos, mas que o estoque já ajustou. "No segundo e no terceiro trimestres, a gente teve queima de estoques. Agora, a produção está sendo feita para atender à demanda que cresce a 2% e mais uma reposição parcial dos estoques”, analisou.

“Estamos bastante otimistas para os números do quarto trimestre. Por isso, a gente vai conseguir fechar o ano com o crescimento de PIB próximo de zero, levemente negativo. Mas aí é detalhe”, disse. A Fiesp estima para 2010 um aumento de 2% do PIB do país e de 8,2% da indústria.

De acordo com o professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP), Fábio Canczuk, o país deve obter no quarto trimestre um crescimento forte, mas menor do que 5%, número que seria necessário para que o Brasil mantivesse o crescimento do PIB do ano passado. “Acho que no último trimestre o crescimento vai ser muito forte, mas não vai ser 5%. Vai dar uma sensação boa de mais emprego, mais riqueza, isso que a gente vai ver agora”.
 
Bruno Bocchini/ABr

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