Brasília – O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse hoje (26) que não há confronto entre o Brasil e os Estados Unidos em questões internacionais. Amorim tentou minimizar as divergências entre Washington e Brasília, depois das críticas do assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, à política externa norte-americana, como a crise em Honduras.
O governo brasileiro defende a volta do presidente desposto Manuel Zelaya ao poder e não reconhecerá o resultado das eleições marcadas para o próximo domingo (29), enquanto os Estados Unidos apoiam o novo pleito. Segundo Amorim, os dois países possuem posições diferentes em relação à crise no país centro-americano, mas isso não significa que entraram em conflito.
“Não concordamos, mas não vamos fazer disso um ponto de confrontação. Não precisamos ficar com essa obsessão. No Brasil, se tem a obsessão de que se não concorda com os Estados Unidos, um raio vai cair na nossa cabeça. Não é assim”, disse o ministro, na Cúpula dos Países Amazônicos, em Manaus.
O chanceler informou que o presidente já respondeu a carta do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Além de tratar dos temas abordados pelo líder norte-americano na correspondência, Lula tratou também do conflito entre Israel e Palestina e a cooperação entre o Brasil e os Estados Unidos para a recuperação do Haiti.
No último domingo (22), Obama enviou carta a Lula, na qual criticou a visita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, ao Brasil. Na correspondência, ele também justifica as posições de seu governo em defesa das eleições do dia 29 em Honduras, considerando-as legítimas.
O ministro afirmou que conversou hoje, por telefone, durante mais de uma hora, com a secretária de Estado, Hillary Clinton. Ele não revelou os termos da resposta de Lula a Obama e nem da carta do presidente norte-americano a Lula. Limitou-se a dizer que as correspondências entre os dois mandatários foram em “tom amistoso e compreensivo”.
Carolina Pimentel/ABr