Balneário Camboriú – Se todos os moradores, visitantes e responsáveis pela coleta de resíduos domiciliares de Balneário Camboriú tivessem plena consciência da importância da separação do lixo reutilizável daquele que não pode mais ser aproveitado e realizassem a separação do material em suas casas, apartamentos e empresas, o aterro sanitário que recebe o lixo da cidade teria 10 anos a mais de vida útil. Enquanto isso não acontece, a previsão é de que daqui a 20 anos seja preciso encontrar uma nova área para receber os detritos. O local recebe diariamente cerca de 300 toneladas de lixo, sendo quase a mesma quantidade entre Itajaí (60%) e Balneário Camboriú (40%).
Essa foi uma das realidades que professores, supervisores e coordenadores de departamentos das escolas e núcleos de educação infantil de Balneário Camboriú conheceram nesta quarta-feira, dia 14, durante visita ao aterro sanitário do bairro Canhanduba, localizado em Itajaí. A visita foi organizada pela Secretaria do Meio Ambiente e Secretaria da Educação, que realizam em conjunto o programa Terra Limpa, de conscientização ambiental nas escolas.
O grupo realizou o passeio dividido em duas equipes e dois turnos e foi recebido por um técnico da empresa Engepasa Ambiental. O objetivo foi fazer com que os educadores conhecessem informações acerca da coleta de resíduos, para que pudessem repassar aos cerca de 15 mil alunos da rede municipal de ensino. “Ao ver o local e receber os dados, certamente eles conseguem repassar a didática com mais propriedade”, explica a educadora da Secretaria do Meio Ambiente, Carla Cravo, que vem trabalhando fortemente com equipes da Semam e Secretaria de Educação, para incentivar as pessoas a fazerem a coleta seletiva de lixo.
Cerca de 45 pessoas realizaram a visita ao aterro sanitário, que deixou de ser um mero lixão há três anos. Isso porque atualmente o lixo recebido é colocado em locais que recebem um demorado processo de preparação, para não haver contaminação do solo. Primeiro, há a compactação do solo, sobre um morro de terra com aproximadamente cinco metros de altura. O lixo será colocado acima disso, para que haja gravidade, e o líquido que escorre dos lixos, chamado de chorume, possa descer para os canos. Sobre o solo é colocada argila e sobre a argila, duas lonas, uma mais grossa, e outra mais fina. Por cima, é colocada uma camada de pedra fina e logo depois feitos os drenos, que são primários (verticais) e secundários (horizontais). Dessas caixas saem canos, que dão vazão ao gás produzido pelo lixo. Só depois de montado todo esse processo, é que o terreno recebe os resíduos.
O técnico que acompanhou o grupo disse que se não há separação de lixo nas cidades, tudo o que chega ao aterro é colocado junto, com exceção do lixo hospitalar que tem tratamento diferenciado até ser colocado com o lixo comum. “Pilhas, plástico, papel, comida, vem de tudo. Metade do que recebemos é plástico que poderia ser reciclado”, diz Cleudimar Griebler. A educadora Carla complementou, explicando que quando o material chega ao aterro, já perde muito do seu valor comercial. “Já está misturado à comida, ao lixo, e pouco pode ser feito”, analisa.
O local que recebe o lixo está com altura de aproximada de 25 metros. Todo o lixo compactado é coberto com terra, e logo depois funcionários da Engepasa plantam grama sobre o morro. Ainda no aterro há duas lagoas anaeróbicas e outra aeróbia aerada, que recebem o chorume. O tratamento garante eficácia de limpeza do liquido em até 80%, é o que garante o técnico Cleudimar. Já o lixo hospitalar é esterilizado a 150 graus em um grande forno, durante 40 minutos, só depois de confirmada sua não toxidade, é que o lixo é colocado junto ao outro, comum. A fiscalização do aterro é feita pela Famai, que é o órgão ambiental municipal de Itajaí.
A visita foi muito produtiva. Estamos na expectativa de uma lei que tramita na Câmara de Vereadores, que obriga todas as escolas a separarem o lixo para a reciclagem Já é um grande passo”, diz Carla Cravo, sugerindo que outros setores da cidade procurem se adaptar à reutilização do lixo. O coordenador de projetos especiais da Semam, Rogério Kunzler, acrescenta que a separação do lixo pode reaproveitar não só alumínio, plástico, vidro e papel, mas também direcionar o lixo orgânico para transformação de resíduos em adubo. “Se todos aderirmos à reciclagem estaremos ajudando a criar muitos empregos e gerando renda para famílias”, explica Rogério. “O separação do lixo tem que se uma realidade, uma rotina, pois é a contribuição que daremos ao meio ambiente e ao futuro de novas gerações”.
Fonte: Assessoría de Imprensa