Professores com Síndrome de Burnout – Um caso de Saúde

A síndrome de Burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, é uma resposta do organismo a uma situação de estresse laboral prolongado e crônico.

por Mauro Queiroz

Uma pesquisa feita pela psicóloga Nádia Maria Bezerra Leite como parte do seu mestrado. Aponta que 15,7% dos mais de 8 mil professores da educação básica da rede pública na região Centro-Oeste do Brasil apresentam a síndrome de burnout, que reflete intenso sofrimento causado por estresse laboral crônico.

A Síndrome acomete principalmente profissionais idealistas e com altas expectativas em relação aos resultados do seu trabalho. Na impossibilidade de alcançá-los, acabam decepcionados consigo mesmos e com a carreira.

O estudo revela a vulnerabilidade do docente à síndrome, pois o excesso de exigências auto-impostas, associadas a condições precárias dos ambientes de educação, bem como à falta de retribuição afetiva, expõem professores um desgaste permanente. Assim, a tensão gerada entre o desejo de realizar um trabalho idealizado e a impossibilidade de concretizá-lo acaba por levar o profissional a um estado de desistência simbólica do ofício.

Se o índice se repetir em todo o Brasil. Então serão seriam mais de 300 mil professores nas escolas do ensino fundamental de todo o país com Síndrome de Burnout. Um dado muito preocupante e pode-se dizer até alarmante. Se isso é verdade. Então milhões de alunos tem seu ensino comprometido em todo o país.

Os sintomas que caracterizam a síndrome são :

Exaustão emocional, baixa realização profissional e despersonalização. No primeiro sintoma, 29,8% dos professores pesquisados apresentaram exaustão emocional em nível considerado crítico. Quanto à baixa realização profissional, a incidência foi de 31,2%, enquanto 14% evidenciaram altos níveis de despersonalização.

Segundo a pesquisadora os problemas surgem à medida que esses objetivos não se concretizam. “É como aquela professora que pensa em contribuir para mudar a vida dos estudantes, muitas vezes reproduzindo a dedicação que teria com os próprios filhos, mas não se sente retribuída”, explica Nádia. Também se enquadra nesse perfil o professor que espera dos alunos um ótimo aprendizado do conteúdo por ele transmitido em sala de aula. Esforça-se para isso e o eventual desinteresse ou baixo rendimento dos alunos é percebido por ele como um fracasso pessoal. “Então, vem o desânimo e o cansaço”, diz a pesquisadora. Como alternativa ao sofrimento, acaba por se distanciar emocionalmente, tanto do seu trabalho quanto do próprio aluno. O distanciamento do trabalho, ou baixa realização profissional, caracteriza-se pela falta de envolvimento pessoal e pela indiferença aos assuntos da sua profissão, além de uma assumida sensação de ineficácia contra a qual não tem ânimo para lutar. O distanciamento do aluno, ou despersonalização, aparece na forma de endurecimento afetivo e falta de empatia.

A despersonalização é a face mais perversa do burnout, pois afeta justamente aquele que deveria ser objeto de atenção e cuidado. Nestes casos os acometido usa palavras perjorativas a sua profissão e até a si mesmo. Nádia exemplifica a situação citando docentes que se referem às turmas como “aqueles pestinhas”, ou que, na hora do cafezinho, tudo o que conseguem fazer é reclamar dos alunos. Qualquer referência aos estudantes será sempre negativa.

Ainda de acordo com a psicóloga, estudos vêm mostrando que professores com o problema tendem a adoecer mais, faltar ao trabalho e se tornar menos criativos. Em sala de aula, há grandes chances de piorar a relação professor-aluno. Uma relação de hostilidade entre os dois lados acabará comprometendo a aprendizagem.

Segundo Nádia, a presença do burnout em professores da educação básica levanta preocupações. “Esse período escolar acompanha uma fase essencial da formação do indivíduo. É quando a relação aluno-professor é mais necessária para a aprendizagem e o desenvolvimento integral do educando”, afirma. Já os estudantes universitários são mais independentes da figura do docente.

A Síndrome de Burnout é um termo psicológico que descreve o estado de exaustão prolongada e diminuição de interesse, especialmente em relação ao trabalho. O termo burnout (do inglês “combustão completa”) descreve principalmente a sensação de exaustão da pessoa acometida.

Diversos estudiosos defendem que burnout refere-se exclusivamente a uma síndrome relacionada à exaustão e ausência de personalização no trabalho, outros percebem-na como um caso especial da depressão clínica mais geral ou apenas uma forma de fadiga extrema (portanto omitindo o componente de despersonalização).

Os estudantes são também propensos ao burnout nos anos finais da escolarização básica (ensino médio) e no ensino superior; curiosamente, este não é um tipo de burnout relacionado com o trabalho, talvez isto seja melhor compreendido como uma forma de depressão. Os trabalhos com altos níveis de estresse podem ser mais propensos a causar burnout do que trabalhos em níveis normais de estresse. Entre estes profissionais estão os professores que parecem ter mais tendência ao burnout do que outros profissionais. Os médicos parecem ter a proporção mais elevada de casos de burnout (de acordo com um estudo recente no Psychological Reports, nada menos que 40% dos médicos apresentavam altos níveis de burnout)

A chamada Síndrome de Burnout é definida por alguns autores como uma das conseqüências mais marcantes do estresse profissional, e se caracteriza por exaustão emocional, avaliação negativa de si mesmo, depressão e insensibilidade com relação a quase tudo e todos (até como defesa emocional).

Essa síndrome se refere a um tipo de estresse ocupacional e institucional com predileção para profissionais que mantêm uma relação constante e direta com outras pessoas, principalmente quando esta atividade é considerada de ajuda (médicos, enfermeiros, professores).

De fato, esta síndrome foi observada, originalmente, em profissões predominantemente relacionadas a um contato interpessoal mais exigente, tais como médicos, psicólógos, carcereiros, assistentes sociais, comerciários, professores, atendentes públicos, enfermeiros, funcionários de departamento pessoal, telemarketing e bombeiros. Hoje, entretanto, as observações já se estendem a todos profissionais que interagem de forma ativa com pessoas, que cuidam ou solucionam problemas de outras pessoas, que obedecem técnicas e métodos mais exigentes, fazendo parte de organizações de trabalho submetidas à avaliações.

Definida como uma reação à tensão emocional crônica gerada a partir do contato direto, excessivo e estressante com o trabalho, essa doença faz com que a pessoa perca a maior parte do interesse em sua relação com o trabalho, de forma que as coisas deixam de ter importância e qualquer esforço pessoal passa a parecer inútil.

Entre os fatores aparentemente associados ao desenvolvimento da Síndrome de Burnout está a pouca autonomia no desempenho profissional, problemas de relacionamento com as chefias, problemas de relacionamento com colegas ou clientes, conflito entre trabalho e família, sentimento de desqualificação e falta de cooperação da equipe.

Os autores que defendem a Síndrome de Burnout como sendo diferente do estresse, alegam que esta doença envolve atitudes e condutas negativas com relação aos alunos, enquanto o estresse apareceria mais como um esgotamento pessoal com interferência na vida do sujeito e não necessariamente na sua relação com o trabalho. Entretanto, pessoalmente, julga-se que essa Síndrome de Burnout seria a conseqüência mais depressiva do estresse desencadeado pelo trabalho.

A Síndrome de Burnout em Professores

A burnout de professores é conhecida como uma exaustão física e emocional que começa com um sentimento de desconforto e pouco a pouco aumenta à medida que a vontade de lecionar gradualmente diminui. Sintomaticamente, a burnout geralmente se reconhece pela ausência de alguns fatores motivacionais: energia, alegria, entusiasmo, satisfação, interesse, vontade, sonhos para a vida, idéias, concentração, autoconfiança e humor.

Um estudo feito entre professores que decidiram não retomar os postos nas salas de aula no início do ano escolar na Virgínia, Estados Unidos, revelou que entre as grandes causas de estresse estava a falta de recursos, a falta de tempo, reuniões em excesso, número muito grande de alunos por sala de aula, falta de assistência, falta de apoio e pais hostis. Em uma outra pesquisa, 244 professores de alunos com comportamento irregular ou indisciplinado foram instanciados a determinar como o estresse no trabalho afetava as suas vidas.

Estas são, em ordem decrescente, as causas de estresses nesses professores:

Políticas inadequadas ou inexistentes da escola para casos de indisciplina;
Atitude e comportamento dos administradores;
Avaliação dos administradores e supervisores;
Atitude e comportamento de outros professores e profissionais;
Carga de trabalho excessiva;
Oportunidades de carreira pouco interessantes. O salário de um professor muitas vezes não compensa o desgaste emocional;
Baixo status da profissão de professor;
Falta de reconhecimento por uma boa aula ou por estar ensinando bem;
Alunos barulhentos;
Lidar com os pais.

Os efeitos do estresse são identificados, na pesquisa, como:

Sentimento de exaustão;
Sentimento de frustração;
Sentimento de incapacidade;
Carregar o estresse para casa;
Sentir-se culpado por não fazer o bastante;
Irritabilidade.

As estratégias utilizadas pelos professores, segundo a pesquisa, para lidar com o estresse são:

Realizar atividades de relaxamento;
Organizar o tempo e decidir quais são as prioridades;
Manter uma dieta balanceada e fazer exercícios;
Discutir os problemas com colegas de profissão;
Tirar o dia de folga;
Procurar ajuda profissional na medicina convencional ou terapias alternativas.

Quando perguntados sobre o que poderia ser feito para ajudar a diminuir o estresse, as estratégias mais mencionadas foram:

Dar tempo aos professores para que eles colaborem ou conversem;
Prover os professores com cursos e workshops;
Fazer mais elogios aos professores, reforçar suas práticas e respeitar seu trabalho;
Dar mais assistência;
Prover os professores com mais oportunidades para saber mais sobre alunos com comportamentos irregulares e também sobre as opções de programa para o curso;
Envolver os professores nas tomadas de decisão da escola e melhorar a comunicação com a escola.

O burnout de professores relaciona-se estreitamente com as condições desmotivadoras no trabalho, o que afeta, na maioria dos casos, o desempenho do profissional. A ausência de fatores motivacionais acarreta o estresse profissional, fazendo com que o profissional largue seu emprego, ou, quando nele se mantém, trabalhe sem muito esmero.

Depois destes estudos sugere-se que o Ministério da Educação participe ativamente da solução deste problemas. As formas de combate são simples. Mas, acredito que a renovação da Educação deve começar como o corpo docente. As escolas deveriam ter um reuniões em grupo de apoio aos professores, psicológos e sobretudo melhores salários. Até agora as medidas para melhorias da edução não incluem estas medidas. Pois o começo da renovação da educação no Brasil deve imperativamente comecar pelos professores.

Mauro Queiroz
UNOPress

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