Governo Federal e de SC anunciam asfixiar organizações criminosas

Brasília – A União e o governo de Santa Catarina vão realizar uma megaoperação para impedir que organizações criminosas que atuam no estado, como o Primeiro Grupo da Capital (PGC), continuem recebendo dinheiro, drogas e armas. O objetivo da Operação Divisa é “asfixiar financeiramente as organizações criminosas”, disseram hoje (16), em Florianópolis, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o governador do estado, Raimundo Colombo.

 

“Sabemos que as organizações criminosas têm de ser combatidas em todas as frentes, mas uma das mais importantes é o asfixiamento financeiro desses grupos, que precisam receber os produtos ilícitos que comercializam, as armas, e ter trânsito de pessoas”, disse Cardozo, em entrevista coletiva.

 

O plano de ação, anunciado sem muitos detalhes, é semelhante à iniciativa anunciada em novembro de 2012 para conter a onda de violência em São Paulo. De acordo com o ministro, o plano, que prevê “cerco policial nas divisas terrestres, aéreas e marítimas do estado”, envolverá vários órgãos federais e estaduais, como as polícias Federal, Rodoviária Federal, Militar e Civil, a Receita Federal e o Conselho Estadual de Combate à Pirataria, entre outros.

 

A fiscalização nas estradas vai ser intensificada, com a montagem de barreiras fixas em vários pontos das estradas que cortam ou dão acesso ao estado, informou o ministro. Equipamentos de alta tecnologia, como um scanner veicular capaz de detectar a existência de substâncias ilícitas ou de armas no interior dos veículos, também serão usados.

 

Além disso, em 30 dias, a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) fornecerá à Polícia Civil de Santa Catarina modernos equipamentos para que o estado conclua a instalação do laboratório de lavagem de dinheiro, capaz de detectar fluxos financeiros e identificar os beneficiários, fornecendo subsídios para os serviços de inteligência combaterem as organizações criminosas. Santa Catarina já dispõe de um laboratório deste tipo, mas, segundo o ministro, hoje, o equipamento funciona com 20% da capacidade dos mais modelos mais avançados.

 

Na entrevista, o ministro defendeu a importância de todas as unidades da federação buscarem identificar e resolver “situações indevidas” em relação à situação de alguns presos, como, por exemplo, os que já podiam ter sido libertados ou beneficiados pela progressão para o regime semiaberto. “É preciso analisar situações indevidas em presídios e corrigi-las. Em 30 dias, procuraremos formar uma frente nacional de defensores públicos que analisem as condições de cada preso.”

 

Apesar de mais cinco atentados terem sido registrados na noite passada, elevando para 106 o total de ocorrências desde 30 de janeiro deste ano, o governador Raimundo Colombo disse que o estado tem enfrentado a onda de crimes, com a deflagração da Operação Divisa, a troca de informações entre autoridades federais e catarinenses e a prisão, hoje, de ao menos 25 pessoas.

Alex Rodrigues

Foto: James Tavares
Agência Brasil/UNOPress