O maior exportador mundial de frango está em alerta devido à nova onda da gripe aviária que atinge o Extremo Oriente. Em 2006, quando a primeira epidemia se alastrou na mesma região, o Brasil lucrou com a crise.
Desta vez, ainda que seja prematuro especular sobre o alcance e o ritmo da doença, os produtores nacionais estão atentos à espera dos desdobramentos e reforçando as defesas sanitárias das granjas.
Na representação oficial dos cerca de 30 grandes exportadores, a União Brasileira de Avicultura (Ubabef), não se fala abertamente sobre os riscos de uma nova epidemia impactar negativamente as vendas, por conta da desconfiança e do pânico dos consumidores em relação ao frango, venha ele de onde vier. Mas o diretor de Mercados da entidade, Ricardo Santin, admite que o “episódio é ruim para o próprio sistema”, ou seja, a produção mundial da ave de corte.
Os casos atuais na China – quatro mortes confirmadas e outras 11 pessoas contaminadas (até dia 4) pela nova cepa H7N9 – podem ficar restritos ao país, que anunciou ter mobilizado todos os recursos para combater o alastramento da gripe. Mas pelas dúvidas vários vizinhos fecharam suas fronteiras às aves chineses, entre eles Japão, Hong Kong e Vietnã.
Santin lembra que após a epidemia de 2006 o Brasil se beneficiou, ocupando alguns espaços deixados pelos exportadores da Ásia atingidos pela epidemia e que ficaram com a imagem arranhada. “Daí passamos a ser o primeiro exportador mundial, com um aumento de 10% nas nossas vendas”, que hoje, segundo o executivo, representa 39% (3,9 milhões de toneladas em 2012) da oferta de frango, com os Estados Unidos em segundo, com 37%.
Além da capacidade de defesa sanitária do frango brasileiro ter sido comprovada, à época se descobriu que a gripe aviária que atingiu a Ásia provinha da contaminação das granjas por aves migratórias, e que o Brasil não estava na rota delas. “Mesmo assim, reforçamos nosso sistema, em conjunto com o governo, instituindo o Plano Nacional de Sanidade Avícola”, explica o diretor da Ubabef, presidida pelo ex-ministro da Agricultura, Francisco Turra.
Entre os protocolos mais reforçados, estão o controle de fronteiras (embora o país não importe frangos vivos), monitoramento de aves migratórias, fiscalização individual das aves e granjas e não por amostragem, vigilância na circulação de pessoas nas plantas de produção, entre outras medidas.
Ricardo Santin não concorda quando se diz que o país é visto com desconfiança pelo mercado internacional de proteína animal por conta dos recorrentes problemas sanitários, como nos casos da carne bovina e suína que vira e mexe são alvos de embargo por parte de alguns importadores. Em relação à bovina especificamente, afora os surtos localizados de febre aftosa, recentemente houve um caso de vaca louca detectado no Paraná, doença que se afirmava o Brasil estar imune.
De todo modo, no setor de frango nunca houve problema mais grave, daí a certeza de que o produto nacional está seguro, segundo o representante dos produtores.
Rússia está entre os 20 maiores compradores
Dos US$ 7,7 bilhões e 3,9 milhões de toneladas exportadas em 2012, a Arábia Saudita e a União Europeia se destacam. Igual ao primeiro trimestre de 2013, quando foram embarcados 581,5 mil toneladas no total.
Houve uma queda em relação tanto a 2011 quanto ao primeiro trimestre de 2012, por conta da crise mundial (a Europa retraiu suas compras) e também pelo aumento dos insumos ao produtor brasileiro, que diminuiu a produção.
A Rússia figura entre a 15ª e a 17ª posição entre os principais importadores do Brasil – 170 países ao todo – com 7,6 mil toneladas nos últimos três meses e 65 mil toneladas o ano passado. “A participação do mercado russo já foi maior em anos anteriores, mas o país optou por ser autosuficiente na produção de frango”, explica Ricardo Santin, da Ubabef.
VOR/UNO