Adolescente deve receber mesada?

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A resposta é sim, mas efetivamente deveria ter começado a receber desde a infância, diz a publicitária e jornalista Suyen Miranda, que pesquisa o tema Saúde Financeira desde 2005 tanto no Brasil quanto no exterior. Segundo ela, o ideal é que a criança comece a ter contato direto com dinheiro a partir dos quatro anos de idade, “pois ela já sabe o conceito de quantidade e que é preciso realizar compras, que para ela ainda são trocas de notas por objetos.

É nesta fase que o conceito de valor vai se formando, sem falar no detalhe interessante do estímulo aos conceitos matemáticos, que as crianças que lidam com dinheiro compreendem com muita facilidade”, explica.

“Mas pensando que isso não tenha ocorrido na infância, e os pais tenham optado por dar dinheiro à criança à medida que ela pedisse, na adolescência isso fica complicado. Já com 12 anos a criança/adolescente sabe o custo do dinheiro, embora não lide com ele diretamente; depois disso ela precisa ter limites, que se os pais sempre derem o dinheiro quando ela pedir a imagem residual é que não existem limites. Convenhamos que, na nossa sociedade, tudo tem limites; então, o que fazemos quando o adolescente acha que pode tudo e é ilimitado?”, pergunta a consultora.

E até quando deve ser dada mesada? Suyen afirma que, até os 18 anos ele deve receber mesada, valor que seja condizente com a condição econômica dos pais, “mas não dos gastos do adolescente; se os pais podem dar o equivalente a dez reais por dia serão 300 reais, um valor muito significativo num país que conta com um salário mínimo pouco maior do que isso, sendo que neste caso a mesada não implica em trabalho”, reforça.

Segundo ela, o valor da mesada deve ser consenso dos pais, e o adolescente irá se moldar ao valor que receber. “Detalhe: despesas fundamentais, como escola, curso de inglês, roupas e lanche não entram no valor da mesada, assim como não se dá pagamento extra a quem limpa o quarto, arruma a cama ou faz a lição. Isso é dever de um membro da família”, reafirma.

Nesta fase é interessante estimular o empreendedorismo, diz a consultora, algo que pode se iniciar desde os 15 anos. Alternativas como digitação de currículos, aulas de reforço escolar, cuidar de crianças, lavar carros dos vizinhos, enfim, algo que ele possa começar a ser autônomo, tenha seu próprio dinheiro resultante do trabalho. “Isso traz a sensação de valor, de independência e de limites, bem como o conceito de curto, médio e longo prazo em economia”, declara.

“Mesmo que a família possa dispor de muito pouco, algo como R$ 15 ao mês, dê ao adolescente como mesada, para que ele faça deste valor o que quiser, inclusive iniciar uma poupança. O importante é que ele saiba o valor do dinheiro e o que representa tê-lo, conservá-lo e multiplicá-lo. Isso é algo prático, que ele desenvolverá à medida que exercitar. Confie nisso!”, finaliza.

Suyen Miranda
ai/UNO