São José do Cedro – Muitos agricultores de São José do Cedro vêm investindo no cultivo da videira. Segundo o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Brasil é o único país do mundo que produz uvas durante o ano todo. Impulsionados pelo clima e solo favoráveis, o número de vitivinicultores vêm crescendo muito no município.
Em São José do Cedro, os produtores possuem efetivo apoio da Administração e da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). De acordo com o técnico agrícola da unidade de São José do Cedro, Elmar Hentz, a Epagri presta assistência técnica ao produtor de diversas formas. Umas delas é o trabalho em grupo. Os técnicos desenvolvem cursos com instruções teóricas e posteriormente os agricultores participam de práticas nos pomares, em tardes de campo.
Os ensinamentos orientam o vitivinicultor desde o preparo do solo, adubação, escolha de variedades certas para o plantio, enxertia, podas, raleio de frutos e todo o ciclo produtivo. A Epagri auxilia também os produtores de uva no processo de vinificação. Os técnicos repassam o momento correto de iniciar a colheita e auxiliam na correção do grau de açúcar da uva, para que ela fique dentro dos padrões de qualidade da região.
Produção em São José do Cedro
A família Besutti, da Linha Santo Isidoro, trabalha com a vitivinicultura há décadas. Na propriedade de Orildo Besutti é possível encontrar videiras com mais de quarenta anos. Conforme Isabete Besutti, esposa de Orildo, a família dispõe de mais de 400 pés de videira. “Produzimos mais de 3500 litros de vinho por safra”, destaca Isabete.
Já na propriedade de Jacir Besuti são aproximadamente 500 pés de videira. A média de produção de Jacir era de três mil quilos de uva, porém neste ano, a produção superou a estimativa. “Nessa safra colhemos 3900 quilos de uva, quase uma tonelada a mais do que o esperado. Essa colheita rendeu 2200 litros de vinho”, informa o produtor.
Jacir Besutti salienta que a Administração e a Epagri possuem um papel importante no cultivo da uva na propriedade. “Temos todo o apoio que precisamos. Qualquer dúvida, os técnicos vêm para auxiliar. Acompanham todo o processo e orientam sobre o melhor caminho no manejo da uva”, salienta o agricultor.
O técnico agrícola da Epagri, Elmar Hentz, destaca que em 2010 foi iniciado um trabalho de implantação de uma unidade de acompanhamento e observação junto com a Unoesc, campus aproximado de São José do Cedro. Essa unidade possui mais de 30 tipos de uva. “Observaremos o desenvolvimento dos frutos para analisar a adaptação de cada variedade de uva na nossa região. Teremos desde uvas normais até uvas finas de mesa. Com esse projeto instruiremos da melhor maneira o agricultor em qual uva plantar e qual melhor se adapta à nossa região”, salientou Hentz.
Parceria com poder público
O secretário de Agricultura e Meio Ambiente de São José do Cedro, Pedrinho Casarin, enalteceu o trabalho realizado pela Epagri no município. De acordo com ele, a empresa sempre foi parceira da Administração. O secretário explica que o maior objetivo do serviço de auxílio prestado, é qualificar o trabalho rural e consequentemente agregar valor e renda às famílias. Casarin ressalta que a Administração reserva uma atenção especial ao setor agrícola. “São José do Cedro tem sua base econômica no meio rural, com mais de 1500 propriedades”, destaca Casarin.
“Os ensinamentos repassados pela Epagri aos nossos agricultores tem sido de grande valia. Não é a toa que as produções têm demonstrado, ano a ano, números positivos no cultivo de uva e outras culturas em São José do Cedro”, finalizou o secretário de Agricultura.
SAIBA MAIS:
Plantio, manejo e colheita
Conforme Elmar Hentz, o melhor local para o plantio das videiras é o que tem uma proteção dos ventos frios do Sul e onde o período solar é mais extenso. O solo precisa ser seco e não ter abrigado plantação de frutos em anos anteriores. “Na fruticultura precisa existir um planejamento adequado antes do plantio.
“Embora algumas espécies não necessitem de um preparo mais elaborado, a uva exige uma atenção mais prolongada, de seis a oito meses antes de iniciar a plantação”, ressalta o técnico. Hentz explica que esse manejo é necessário já que é o único momento em que se pode mexer na parreira. “Depois de plantado, quando fechou a raiz, não há como incorporar adubo”, destaca.
No final do inverno é feito o plantio de mudas e dos porta-enxertos. Posteriormente, é feita a enxertia com a qualidade que o agricultor quiser. Segundo explica o técnico da Epagri, esse processo é muito mais eficiente do que comprar a muda pronta. Dessa forma, a videira terá produção plena a partir do terceiro ano após a enxertia.
A busca pela qualidade da uva inicia no tratamento com a parreira logo após a colheita da safra anterior. “É preciso repor nutrientes e usar produtos para que a parreira segure as folhas o maior período possível, porque é a folha que faz todo o ciclo de alimentação da planta”, frisa Elmar Hentz. No inverno, quando a videira está sem folhas e sem defesas é o momento pra se entrar com os produtos químicos.
Na poda da parreira é possível determinar o volume de produção. O período da brotação, que é um dos mais importantes da produção, é quando as doenças começam a atingir os frutos da parreira. Nessa fase a Epagri pode agir em auxílio ao agricultor para identificar os melhores métodos de tratamento e prevenção de pragas e doenças.
Nas fotos:
1. Técnico agrícola, Elmar Hentz e o agricultor, Jacir Besutti.
2. Elmar Hentz analisa os porta-enxertos.
3. Família de Jacir Besutti.
4. Cachi de uva do perreiral de Jacir Besutti
5. Isabete Besutti.
6. Pé de videira com mais de 40 anos.
Cristiane Ottobelli
UNOPress