Por Vanessa Damo
A descrença dos jovens em um país melhor é por muitos facilmente atribuída à falta de consciência política dessa geração ou simplesmente apontada como um inexplicável descaso deles em relação ao futuro. Esse discurso, no entanto, já está “manjado” e não convence ou atinge mais ninguém.
A descrença se dá especialmente pela freqüente e incessante descoberta de novos escândalos envolvendo um número cada vez maior de autoridades públicas, das mais variadas esferas e nas mais variadas circunstâncias. Políticos que até então ainda eram dignos de alguma confiança, que ainda mantinham na população um fio de esperança, lamentavelmente são apontados como os mais novos vilões da nação. Paira no ar um sentimento de desilusão.
São escândalos atrás de escândalos. Castelo, cartões corporativos, farra das passagens aéreas, atos secretos e contas secretas no exterior são alguns exemplos do que vimos por aí nesses últimos meses. Mas, vergonhosamente, essa bandalheira não é observada só por aqui e a indignação já ultrapassou as fronteiras do nosso país. Há poucas semanas a revista britânica The Economist publicou uma matéria em que trata o Senado como “Casa dos Horrores”. A que ponto chegamos!
No entanto, já ouvimos por aí, mais de uma vez, que há também quem não esteja se importando com a opinião pública. Pois bem, é justamente por aí que podemos e temos que tentar mudar essa história. Na poesia de Eliza Lucinda, ela diz que, “se não temos mais como mudar o começo, se a gente quiser, temos como mudar o final”. Portanto, devemos despertar novamente para a luta. E os jovens são indispensáveis nessa hora, pois sabemos que não se trata apenas de uma batalha, mas de uma guerra. A mudança só virá depois que boa parte dessa turma estiver totalmente afastada do poder, sem deixar qualquer vestígio. E isso certamente levará um tempo.
Se os mais velhos já estão desgastados com a corrupção que assola o país, a juventude, mesmo descrente, deve estar consciente de que cabe a ela a construção de um Brasil mais justo. Por isso, desde cedo é preciso assumir uma postura firme diante dos fatos e acontecimentos. Embora o ambiente seja desanimador e até mesmo seja pouco provável que ocorra a curto prazo uma mudança de rumos, não devemos desistir. Precisamos enfrentar a desilusão e usá-la justamente para fazer nossa história.