Rio de Janeiro – Profissionais e estudantes de jornalismo caminharam pelas ruas do centro do Rio de Janeiro na manhã de hoje (22) para protestar contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que acabou com a obrigatoriedade do diploma para exercício da atividade. Vestidos de preto, carregando diplomas e faixas, representantes da categoria partiram da sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), passaram pela Câmara dos Vereadores, na Cinelândia, e encerraram o ato em frente ao Palácio Tiradentes, sede da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
De acordo com o diretor do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro, Alberto Jacob Filho, a decisão do Supremo pode comprometer a credibilidade de informações divulgadas à população, principalmente numa época em que as ferramentas de comunicação, como a internet, permitem a proliferação de emissores de notícias.
“É um absurdo, um retrocesso. Agora qualquer um pode criar um blog, um site, se dizendo jornalista, e escrever o que quiser. A qualidade dessa informação pode trazer inúmeros prejuízos para a sociedade porque ela não tem nenhuma qualificação, mas mexe com a vida de muita gente, com o funcionamento de supermercados, com a saúde das pessoass entre outros. É necessário haver um mínimo controle ético”, defendeu.
Jacob Filho disse que desde a decisão do STF, na semana passada, o número de pessoas que procuram diariamente o sindicato para obter a carteira de identificação de jornalista aumentou de dois para 30. A concessão do documento, no entanto, foi suspensa, segundo o diretor do sindicato, para “evitar que pessoas de má-fé se utilizem dessa brecha para se passar por jornalistas”. Ele informou que todos os casos estão sendo encaminhados para a Federação Nacional de Jornalismo (Fenaj), em Brasília.
A estudante do oitavo período de jornalismo Isabela Guedes disse estar decepcionada num momento que deveria ser de comemoração.
“Termino a minha faculdade com a sensação de que joguei quatro anos no lixo. Agora meu diploma não vai ter utilidade maior do que isto”, disse ela, segurando um rolo de papel higiênico.
Lívia Lamblet, também estudante de jornalismo, reclamou da decisão do STF e disse temer pela entrada no mercado de trabalho.
“Na maioria das empresas de comunicação a gente vê muita gente conseguir uma vaga porque tem quem indique, independente de sua capacidade profissional. Agora, então, que nem o diploma vai ser exigido, esses casos vão aumentar”, disse.
Fonte: Thaís Leitão/ABr