Florianópolis – O último domingo do mês, 31 de janeiro, é o Dia Mundial de Luta contra a Hanseníase. Apesar de Santa Catarina apresentar um dos menores índices de contaminação pela doença que, popularmente, é conhecida como lepra, ela continua sendo um grave problema de saúde pública. O fato de as pessoas buscarem auxílio médico tardiamente faz com que muitos pacientes sofram algum grau de incapacidade física em decorrência da doença. Por isso, assim que apresentarem sintomas ou sinais suspeitos, os pacientes devem recorrer às unidades de saúde, já que o diagnóstico precoce aumenta as chances de sucesso do tratamento.
A hanseníase tem cura, mas, se não for tratada, pode provocar incapacidades físicas e deformidades, responsáveis pelo preconceito e discriminação aos portadores. A transmissão desta doença infectocontagiosa, causada pelo bacilo de Hansen, ocorre pelo contato com pessoas doentes que não receberam o tratamento. Os principais sintomas são perda da sensibilidade ao calor, ao frio e à dor, dormência, formigamento, caroços, inchaços e manchas esbranquiçadas e avermelhadas pelo corpo. O tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas pode variar de dois a sete anos.
O tratamento para a Hanseníase é gratuito nos postos de saúde, e elimina a possibilidade de transmissão da doença para outras pessoas. Desde 1990, Santa Catarina vem registrando queda nos registros da doença, e mantendo taxas inferiores às do Brasil e da Região Sul. Nos últimos cinco anos, 43% dos municípios catarinenses não registraram nenhum caso de Hanseníase e em 2009 o Estado apresentou uma das menores taxas de detecção do país: 2,5 casos para cada 100 mil habitantes.
O programa estadual de controle da Hanseníase conta com 247 pacientes em tratamento, dos quais 156 tiveram o diagnóstico confirmado no ano passado. Só a continuidade do tratamento pode evitar que outras pessoas da família ou do convívio sejam contaminadas, o que faz com que o programa dê atenção especial aos menores de idade. No ano passado, dois catarinenses menores de 15 anos contraíram a doença. Nesses casos, normalmente a transmissão do bacilo ocorre dentro de casa, onde já existe algum membro da família contaminado e que não realizou o tratamento.
“Como a hanseníase é uma doença que pode provocar reações antes, durante ou depois do tratamento, é preciso manter contato constante com os gestores de saúde para que haja o acompanhamento adequado dos pacientes”, explica a coordenadora estadual da Hanseníase da Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde, Jeanine Varela.
Entre as medidas adotadas estão a capacitação permanente dos profissionais no sentido de estimular a vigilância em hanseníase e a realização de exames de contatos de ex-pacientes. Para estimular quem trabalha com a doença, este ano foi adotado o mote: “Hanseníase, a mancha ainda continua em Santa Catarina. Em 2010, buscar e tratar para controlar”.
Na prática, a forma de abordagem dos pacientes mudou completamente nos últimos anos. Até 1962, a lei determinava que os portadores da Hanseníase fossem segregados em uma colônia. Em Santa Catarina, a unidade de referência para o atendimento desses pacientes era o Hospital Santa Teresa, em São Pedro de Alcântara. Por conta da grande demanda, a instituição chegou a abrigar simultaneamente mais de 500 pacientes. O hospital, que está prestes a completar 70 anos, abriga hoje cerca de 50 pessoas, que por conta do longo período em que permaneceram no Santa Teresa – que é uma das 33 colônias remanescentes no país – não conseguiram reconstruir suas vidas fora dali.
Fonte: Assessoria de imprensa