A depressão multiplica por 2,5 vezes os riscos de AVC em mulheres com mais de 45 anos, segundo constata o trabalho de cientistas australianos publicado na revista Stroke, da Associação Cardiológica Americana.
A depressão, uma sombra que afeta milhões em todo mundo, transcende o bem-estar emocional e se entrelaça com o risco de doenças físicas. Uma ligação crucial, porém frequentemente ignorada, é a que existe entre a depressão em mulheres acima de 45 anos e o aumento do risco de acidente vascular cerebral (AVC). Desvendar essa relação complexa é fundamental para a criação de estratégias eficazes de prevenção.
O estudo que durou 12 anos, envolveu mais de 10 mil mulheres entre 47 e 52 anos de idade.
Mulheres com mais de 45 anos que sofrem de distúrbios psicológicos, como depressão e ansiedade, podem ter um risco maior de desenvolver doenças cardiovasculares, de acordo com uma nova pesquisa da Circulation: Cardiovascular Quality and Outcomes.
A melhor saída é concentrar-se em coisas boas e fazer exercícios físicos. Depressão e vida sedentária é uma combinação mortal.
A Ligação entre Depressão e AVC
Estudos revelaram uma correlação notável entre a depressão e o risco de AVC, especialmente em mulheres a partir dos 45 anos. O Journal of the American Heart Association ecoa essa realidade: mulheres nessa faixa etária que experimentam sintomas depressivos enfrentam uma probabilidade maior de sofrer um AVC em comparação com aquelas sem depressão.
A ligação com Fatores Fisiológicos
Vários elementos fisiológicos contribuem para o aumento do risco de AVC associado à depressão em mulheres acima de 45 anos. O estresse crônico, a inflamação e alterações nos mecanismos de coagulação sanguínea, características comuns da depressão, aumentam o risco de doenças cardiovasculares, incluindo o AVC.
Além disso, a depressão pode amplificar fatores de risco pré-existentes como hipertensão, diabetes e obesidade, elevando ainda mais o risco geral de AVC.
Influências Hormonais Convergentes
As mudanças hormonais durante a perimenopausa e a menopausa amplificam a relação entre depressão e AVC em mulheres acima de 45 anos. O estrogênio, que diminui durante a menopausa, geralmente protege o sistema cardiovascular.
A redução do estrogênio pode levar a alterações na função dos vasos sanguíneos e aumento da formação de placas nas artérias, elevando o risco de AVC.
As flutuações hormonais também podem exacerbar os sintomas depressivos, intensificando ainda mais o risco.
Elementos Psicossociais relacionados ao AVC
Fatores psicossociais, como isolamento social, falta de apoio social e estresse crônico, contribuem significativamente para a depressão e o risco de AVC. As mulheres acima de 45 anos podem enfrentar desafios específicos, como responsabilidades de cuidado, transições de carreira e mudanças na dinâmica familiar, levando a altos níveis de estresse e sintomas depressivos.
Esses estressores se acumulam com o tempo, impactando a saúde mental e física e, por fim, elevando o risco de AVC.
Estratégias Convergentes para Prevenção
Combater a ligação entre depressão e risco de AVC em mulheres acima de 45 anos exige estratégias proativas de prevenção e manejo. A triagem regular para depressão, especialmente para indivíduos com outros fatores de risco de AVC, deve ser priorizada pelos profissionais de saúde.
A detecção e o tratamento precoces da depressão podem ajudar a minimizar seu impacto no risco de AVC. Intervenções no estilo de vida, como exercícios regulares, dieta balanceada, técnicas de gerenciamento de estresse e engajamento social, são cruciais para reduzir tanto a depressão quanto o risco de AVC.
Otimizar a prevenção de fatores de risco cardiovascular, como pressão arterial, níveis de colesterol e açúcar no sangue, é fundamental para prevenir o AVC em indivíduos com depressão.
“Embora esses fatores possam explicar alguns dos riscos aumentados observados, eles não parecem explicar tudo isso, indicando que outros mecanismos provavelmente serão importantes”, disse Caroline Jackson, Ph.D., autora sênior do estudo e uma Bolsista do Chanceler da Universidade de Edimburgo, em Edimburgo, na Escócia.
Conclusão
Os pesquisadores classificaram o sofrimento psíquico como baixo, médio e alto / muito alto usando uma escala padrão de sofrimento psicológico que pede às pessoas para avaliar o nível.
Durante o seguimento de mais de quatro anos, ocorreram 4.573 ataques cardíacos e 2.421 acidentes vasculares cerebrais. O risco absoluto – risco global de desenvolver uma doença em um determinado período de tempo – de ataque cardíaco e derrame aumentou com cada nível de sofrimento psicológico.
Os resultados somam as evidências existentes de que pode haver uma associação entre sofrimento psicológico e aumento do risco de ataque cardíaco e derrame, disse ela. Mas eles também apóiam a necessidade de futuros estudos focados nos mecanismos subjacentes que ligam o sofrimento psicológico e as doenças cardiovasculares e o risco de derrame e procuram replicar as diferenças entre homens e mulheres.
A conexão entre a depressão e o risco de AVC em mulheres acima de 45 anos destaca a necessidade de abordagens holísticas de saúde que considerem a saúde mental juntamente com os tradicionais fatores de risco cardiovascular.
Ao identificar e tratar a depressão precocemente, implementar modificações no estilo de vida e otimizar o acompanhemento médico, os profissionais de saúde podem mitigar o risco de AVC e melhorar os resultados de saúde geral nessa população vulnerável.
Fontes:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7824332/
 em mulheres com mais de 45 anos.){kind=link}